Mutação Interview Especial: Will Conrad, desenhista de Wolverine Origins
3 participantes
Página 1 de 1
Mutação Interview Especial: Will Conrad, desenhista de Wolverine Origins
Hoje é um dia muito mais do que especial, pois nosso entrevistado é o desenhista brasileiro Will Conrad, que está assumindo os desenhos de Wolverine Origins.
Bom dia, Will, tudo bem? É um grande prazer poder conversar contigo, um desenhista bastante talentoso, com um trabalho cada vez mais reconhecido no exterior.
O Mutação é um fórum/site exclusivo sobre o universo mutante que já tem 7 anos. Estamos muito felizes em poder entrevistá-lo principalmente pelo seu recente envolvimento com personagens mutantes, em Doomwar e Wolverine Origins.
1- Nos últimos anos, temos visto uma chuva de desenhistas brasileiros no exterior. Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá faturaram o Eisner. As grandes editoras de super-heróis estão apostando bastante em nomes como Deodato, Benes, Ivan Reis... ou seja, temos uma ótima safra com trabalhos reconhecidos em todo mundo. Como você compara essa situação com algum tempo atrás, quando era difícil vermos artistas brasileiros sob tantos holofotes?
Na minha opinião o Brasil sempre foi um grande celeiro de grandes talentos artísticos, quer seja na área da música, cinema, artes visuais e cênicas e obviamente na área dos quadrinhos.
O fato é que há alguns anos atrás o quadrinho nacional se reduzia em poucas produções com baixas tiragens e o quadrinho “marginal”, principalmente com a produção de fanzines. No meio deste ambiente surgiram grandes talentos que não tinham muita vez no quadrinho internacional devido à grande dificuldade financeira e de comunicação - era realmente complicado enviar layouts para aprovação, enviar originais e pior ainda era a comunicação com as editoras.
Com o advento da internet e o apuramento dos meios de comunicação, alguns destes artistas começaram a produzir para o mercado internacional com mais intensidade, e alguns nomes passaram a se destacar, especialmente nos mercados europeu e americano. E graças a isso, na década de 90 quando os quadrinhos estavam vendendo milhões e a indústria precisava de muita mão de obra, houve uma onda de novos quadrinistas brasileiros entrando no mercado, alguns muito bons e outros nem tantos. Mas o importante é que a partir daí as editoras “descobriram” mais esse recurso nacional tupiniquim: nossos excelentes quadrinistas. E hoje vários artistas nacionais ocupam um espaço no holofote da indústria e fazem bonito em cada página que desenham.
2- E o mercado de quadrinhos nacional? Com esses nomes todos publicando lá fora, não fica cada vez mais difícil que o quadrinho nacional seja valorizado?
Na verdade eu acho exatamente o contrário. Sempre considerei um enorme contra-senso o fato de termos em nossas bancas um repertório enorme de quadrinhos estrangeiros e os quadrinhos nacionais serem tão desprestigiados - com algumas poucas exceções. Eu realmente espero que com essa onda de quadrinistas brasileiros figurando nestas revistas que chegam ao Brasil, os leitores passem a se identificar mais com os artistas e logo nossas editoras comecem a investir mais na produção nacional, para que nossos artistas possam produzir para nosso próprio mercado.
3- Quando começou o seu interesse por artes gráficas? E por quadrinhos? Você acompanhava algumas histórias? Qual seu personagem favorito?
Eu comecei a desenhar muito cedo. Na verdade nem sei bem quando isso começou, porque gosto de desenhar desde que me entendo por gente. Minha história com os quadrinhos começou também bem cedo, primeiro com as estórias infantis e depois com os contos de terror da década de 70 e 80. Meu personagem favorito é sem dúvida o Conan de Robert E. Howard, em particular as estórias desenhadas por John Buscema e Alfredo Alcala. Claro que há outros personagens marcantes, como o Spirit do Eisner, Batman Ano 1, Tarzan de Joe Kubert, entre outros... Mas Conan foi o anzol que me fisgou para o quadrinho americano.
4- Como foi que você pessoalmente acabou chegando ao mercado norte-americano? Quais foram seus primeiros trabalhos lá fora?
Trabalhar com quadrinhos sempre foi um sonho para mim. Quando comecei a trabalhar com ilustração, não havia muita perspectiva de trabalhar com o mercado americano de super heróis até que descobri que havia alguns desenhistas brasileiros mandando trabalho para fora, entre eles o Mike Deodato, Marcelo Campos, Luke Ross... Quando fiquei sabendo, pensei “se eles podem, eu também posso!” e comecei a garimpar informações.
Assim, entrei em contato com Dave Campiti da Glass House Graphics, que é meu representante até hoje, e iniciei um exaustivo processo de aprendizado e adaptação. Na época eu trabalhava para uma editora em Belo Horizonte, além de ter vários trabalhos paralelos, e sobrava pouco tempo para testes, então eu costumava fazê-los a noite ou de madrugada. Com o tempo fui me sentindo mais confortável com estilo e técnicas de trabalho, e depois de algum tempo recebi uma oferta para trabalhar ao lado de Joe Pimentel em Buffy. Isso foi em 2001 e daí para frente nunca mais me afastei dos quadrinhos. Alguns anos depois tive a oportunidade de fazer pequenos trabalhos a lápis, e acabei me tornando desenhista full time e tive de parar de arte finalizar.
Meu primeiro trabalho como profissional de quadrinhos no mercado americano foi Buffy - The Vampire Slayer pela Dark Horse. Eu entrei como segundo arte finalista, dividindo as edições como o grande Joe Pimentel, e trabalhávamos sobre a arte de Cliff Richards.
5- Quais são as principais influências e referências em seus trabalhos?
John Buscema, Joe Kubert, Will Eisner, Barry Smith, Alan Davis, Mike Deodato, Alex Ross... Tenho certeza que devo estar esquecendo alguém, mas enfim...
6- Como é seu processo de criação? Uma edição mensal de tamanho regular é desenhada em quanto tempo? Você mesmo é quem faz a arte-final de seu trabalho?
A primeira etapa começa quando recebo o roteiro do editor. Eu leio o roteiro por inteiro para ter a noção da estória completa, e vou fazendo pequenos “brakedowns” de algumas cenas chave. Depois disso eu começo a fazer os “layouts” propriamente ditos, em tamanho menor e bem rápido. A idéia é tentar passar para o papel a sensação que tive ao ler cada página, e tentar capturar a energia de cada quadro. Assim que termino, envio os layouts para aprovação do editor e quando tudo está resolvido, eu amplio as imagens para o tamanho adequado e desenho as páginas já bem acabadas.
O ideal é produzir uma edição por mês, mas durante meu tempo como desenhista eu tive algumas decepções com arte finalistas sobre meu trabalho, e hoje eu faço tanto o lápis quanto a arte-final em minhas páginas. Dá mais trabalho e me demanda um pouco mais de tempo, mas tenho a certeza de que os traços ficarão como eu quero que fiquem.
7- Você já trabalhou tanto na DC quanto na Marvel. Há muito diferença no trabalho em uma ou outra editora? Atualmente você é exclusivo da Marvel?
Não há muita diferença na forma de trabalho ou na relação artista/editor. Para mim a maior diferença está em coisas muito sutis, como a forma de abordagem dos “mundos” de cada editora, a forma como cada uma delas encara seu “staff” de desenhistas, coisas assim. Mas ambas possuem equipes incríveis e são extremamente confortáveis e amistosas de se trabalhar.
A partir do princípio deste ano, devido ao trabalho que tenho feito nos últimos meses, o pessoal da Marvel resolveu me colocar como exclusivo da editora. Isso é legal, pois me garante bons trabalhos e me coloca entre os principais artistas da editora.
8- E como é trabalhar com roteiristas dos EUA, como Joss Whedon, Daniel Way e Jonathan Mayberry?
Eu não posso reclamar dos últimos roteiristas com quem tenho trabalhado, pois tenho dado muita sorte. Tive a chance de trabalhar com estórias muito bem escritas e pessoas muito legais. Todos eles são muito criativos e entregam trabalhos bem interessantes, e são muito receptivos quanto as sugestões que os artistas dão para melhorar um coisa ou outra na estória. Da minha parte, eu sempre tento ter contato direto com o roteirista, quer seja para bater papo ou para discutir partes da estória. Isso garante que eu esteja sempre afinado com suas expectativas.
9- Sua primeira experiência no universo mutante foi desenhando a série de Emma Frost? Como você avalia a personagem e seu trabalho com ela?
A estória que desenhei com a Emma Frost retrata uma fase de sua adolescência, quando ela ainda estava descobrindo e aprimorando seus poderes telepáticos. Foi um trabalho interessante, porque não lidei com o personagem maduro, mas com seus problemas como uma jovem mutante tentando se encaixar em um mundo cheio de ódio aos mutantes.
10- Como foi desenhar o arco em Black Panther, trabalhando com ícones como T'Challa e Tempestade? Você já gostava dos personagens?
Foi bem interessante. Mais uma vez a Marvel me escalou para trabalhar em uma estória um pouco “fora dos padrões” do personagem. T’Challa não é mais rei, e não veste o manto do Pantera. Sua irmã assumiu as duas posições, e tem de lidar com uma ameaça externa contra Wakanda, enquanto T’Challa tenta se recuperar de um atentado e re-encontrar sua força e saúde perdidas. Neste arco, algumas tramas se unem para formar uma estória maior, e embora seja recheada de ação, acho que a estória se identifica mais com um conto de espionagem e sabotagem política que com uma estória de “super” ação. Foi um trabalho muito divertido e tive a chance de desenhar de tudo um pouco.
11- Você desenhou a primeira edição de DoomWar também, em parceria com Scott Eaton. Como ficou a divisão dos desenhos?
Na verdade eu não cheguei a desenhar DoomWar propriamente dito, porque desenhei a edição que funciona como um prelúdio da série. Eu fui transferido para Wolverine Origins logo depois, e tive a chance de desenhar a edição inteira.
12- Na série você tem a oportunidade de desenhar os X-Men. Quais personagens mutantes estão retratados nessa mini? Qual você mais gostou de desenhar?
Como disse, não cheguei a desenhar a série. Na última edição que fiz, houve uma interação entre a Pantera Negra, Namor e alguns integrantes do Quarteto Fantástico. Mas se tivesse a chance, gostaria muito de desenhar os X-Men, independente dos personagens.
13- A primeira edição sai ainda esse mês. Como ela se encaixa dentro de todo o Universo Marvel, que vive agora um momento de transição com Siege?
De acordo com o que a Marvel divulgou, esta série trará algumas mudanças significativas com relação aos heróis e especialmente com relação ao Dr. Doom. Os principais heróis do Universo Marvel, cansados das tramas e artimanhas do vilão se unem para por um basta em suas intervenções e armações, e isso terá ramificações em todos os títulos. Quais serão essas ramificações eu não sei dizer, nem qual a extensão de suas consequências.
14- Como não podia deixar de ser, o maior ícone dos X-Men por todo o mundo é Wolverine e você foi recentemente anunciado como futuro desenhista de Wolverine:Origins, começando em abril com a edição 47. Você fica no título até a última edição ou fará apenas o arco “Reckoning”? Como é desenhar os capítulos finais de uma série conceituada como essa?
A princípio eu ficarei até o final. Não discuti com a Marvel quais serão os projetos futuros ainda, e a única informação que tenho até agora é que eles queriam um artista que fosse capaz de fazer frente à importância deste momento do personagem. Espero que eu esteja à altura da tarefa, e terei prazer em ficar no título enquanto for necessário
15- Como está sendo fazer a arte do Logan? Quais os desafios?
Desenhar Wolverine está sendo muito legal. Acho que a maioria dos quadrinistas gostaria de chegar a este ponto, e eu estou aproveitando ao máximo. Logan é um personagem com muitos recursos visuais que podem ser explorados, muita energia. E claro, há as garras que são uma idéia muito legal.
E o desafio aumenta sempre que trabalhamos com um personagem com o peso do Wolverine. Há muito mais exposição e a crítica sempre é mais rigorosa. Mas eu não tenho problema em lidar com esse tipo de coisa, e tenho certeza de que estou fazendo meu melhor. Agora é esperar que as pessoas gostem do resultado.
16- E finalmente, pode dar algum detalhe da trama?
Não posso falar sobre a estória, pois a Marvel não permite. Mas posso dizer que muitas coisas encontrarão sua resolução ao fim da estória, e muitos nós soltos serão atados. Logan terá de confrontar vários elementos de seu passado, e isso irá afetar bastante o personagem.
Agradecemos imensamente a disponibilidade do Will em nos conceder essa entrevista e aguardamos ansiosos para ver sua arte nas histórias finais de Wolverine: Origins, que começam a pintar nas comic shops americanas em abril.
Bom dia, Will, tudo bem? É um grande prazer poder conversar contigo, um desenhista bastante talentoso, com um trabalho cada vez mais reconhecido no exterior.
O Mutação é um fórum/site exclusivo sobre o universo mutante que já tem 7 anos. Estamos muito felizes em poder entrevistá-lo principalmente pelo seu recente envolvimento com personagens mutantes, em Doomwar e Wolverine Origins.
1- Nos últimos anos, temos visto uma chuva de desenhistas brasileiros no exterior. Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá faturaram o Eisner. As grandes editoras de super-heróis estão apostando bastante em nomes como Deodato, Benes, Ivan Reis... ou seja, temos uma ótima safra com trabalhos reconhecidos em todo mundo. Como você compara essa situação com algum tempo atrás, quando era difícil vermos artistas brasileiros sob tantos holofotes?
Na minha opinião o Brasil sempre foi um grande celeiro de grandes talentos artísticos, quer seja na área da música, cinema, artes visuais e cênicas e obviamente na área dos quadrinhos.
O fato é que há alguns anos atrás o quadrinho nacional se reduzia em poucas produções com baixas tiragens e o quadrinho “marginal”, principalmente com a produção de fanzines. No meio deste ambiente surgiram grandes talentos que não tinham muita vez no quadrinho internacional devido à grande dificuldade financeira e de comunicação - era realmente complicado enviar layouts para aprovação, enviar originais e pior ainda era a comunicação com as editoras.
Com o advento da internet e o apuramento dos meios de comunicação, alguns destes artistas começaram a produzir para o mercado internacional com mais intensidade, e alguns nomes passaram a se destacar, especialmente nos mercados europeu e americano. E graças a isso, na década de 90 quando os quadrinhos estavam vendendo milhões e a indústria precisava de muita mão de obra, houve uma onda de novos quadrinistas brasileiros entrando no mercado, alguns muito bons e outros nem tantos. Mas o importante é que a partir daí as editoras “descobriram” mais esse recurso nacional tupiniquim: nossos excelentes quadrinistas. E hoje vários artistas nacionais ocupam um espaço no holofote da indústria e fazem bonito em cada página que desenham.
2- E o mercado de quadrinhos nacional? Com esses nomes todos publicando lá fora, não fica cada vez mais difícil que o quadrinho nacional seja valorizado?
Na verdade eu acho exatamente o contrário. Sempre considerei um enorme contra-senso o fato de termos em nossas bancas um repertório enorme de quadrinhos estrangeiros e os quadrinhos nacionais serem tão desprestigiados - com algumas poucas exceções. Eu realmente espero que com essa onda de quadrinistas brasileiros figurando nestas revistas que chegam ao Brasil, os leitores passem a se identificar mais com os artistas e logo nossas editoras comecem a investir mais na produção nacional, para que nossos artistas possam produzir para nosso próprio mercado.
3- Quando começou o seu interesse por artes gráficas? E por quadrinhos? Você acompanhava algumas histórias? Qual seu personagem favorito?
Eu comecei a desenhar muito cedo. Na verdade nem sei bem quando isso começou, porque gosto de desenhar desde que me entendo por gente. Minha história com os quadrinhos começou também bem cedo, primeiro com as estórias infantis e depois com os contos de terror da década de 70 e 80. Meu personagem favorito é sem dúvida o Conan de Robert E. Howard, em particular as estórias desenhadas por John Buscema e Alfredo Alcala. Claro que há outros personagens marcantes, como o Spirit do Eisner, Batman Ano 1, Tarzan de Joe Kubert, entre outros... Mas Conan foi o anzol que me fisgou para o quadrinho americano.
4- Como foi que você pessoalmente acabou chegando ao mercado norte-americano? Quais foram seus primeiros trabalhos lá fora?
Trabalhar com quadrinhos sempre foi um sonho para mim. Quando comecei a trabalhar com ilustração, não havia muita perspectiva de trabalhar com o mercado americano de super heróis até que descobri que havia alguns desenhistas brasileiros mandando trabalho para fora, entre eles o Mike Deodato, Marcelo Campos, Luke Ross... Quando fiquei sabendo, pensei “se eles podem, eu também posso!” e comecei a garimpar informações.
Assim, entrei em contato com Dave Campiti da Glass House Graphics, que é meu representante até hoje, e iniciei um exaustivo processo de aprendizado e adaptação. Na época eu trabalhava para uma editora em Belo Horizonte, além de ter vários trabalhos paralelos, e sobrava pouco tempo para testes, então eu costumava fazê-los a noite ou de madrugada. Com o tempo fui me sentindo mais confortável com estilo e técnicas de trabalho, e depois de algum tempo recebi uma oferta para trabalhar ao lado de Joe Pimentel em Buffy. Isso foi em 2001 e daí para frente nunca mais me afastei dos quadrinhos. Alguns anos depois tive a oportunidade de fazer pequenos trabalhos a lápis, e acabei me tornando desenhista full time e tive de parar de arte finalizar.
Meu primeiro trabalho como profissional de quadrinhos no mercado americano foi Buffy - The Vampire Slayer pela Dark Horse. Eu entrei como segundo arte finalista, dividindo as edições como o grande Joe Pimentel, e trabalhávamos sobre a arte de Cliff Richards.
5- Quais são as principais influências e referências em seus trabalhos?
John Buscema, Joe Kubert, Will Eisner, Barry Smith, Alan Davis, Mike Deodato, Alex Ross... Tenho certeza que devo estar esquecendo alguém, mas enfim...
6- Como é seu processo de criação? Uma edição mensal de tamanho regular é desenhada em quanto tempo? Você mesmo é quem faz a arte-final de seu trabalho?
A primeira etapa começa quando recebo o roteiro do editor. Eu leio o roteiro por inteiro para ter a noção da estória completa, e vou fazendo pequenos “brakedowns” de algumas cenas chave. Depois disso eu começo a fazer os “layouts” propriamente ditos, em tamanho menor e bem rápido. A idéia é tentar passar para o papel a sensação que tive ao ler cada página, e tentar capturar a energia de cada quadro. Assim que termino, envio os layouts para aprovação do editor e quando tudo está resolvido, eu amplio as imagens para o tamanho adequado e desenho as páginas já bem acabadas.
O ideal é produzir uma edição por mês, mas durante meu tempo como desenhista eu tive algumas decepções com arte finalistas sobre meu trabalho, e hoje eu faço tanto o lápis quanto a arte-final em minhas páginas. Dá mais trabalho e me demanda um pouco mais de tempo, mas tenho a certeza de que os traços ficarão como eu quero que fiquem.
7- Você já trabalhou tanto na DC quanto na Marvel. Há muito diferença no trabalho em uma ou outra editora? Atualmente você é exclusivo da Marvel?
Não há muita diferença na forma de trabalho ou na relação artista/editor. Para mim a maior diferença está em coisas muito sutis, como a forma de abordagem dos “mundos” de cada editora, a forma como cada uma delas encara seu “staff” de desenhistas, coisas assim. Mas ambas possuem equipes incríveis e são extremamente confortáveis e amistosas de se trabalhar.
A partir do princípio deste ano, devido ao trabalho que tenho feito nos últimos meses, o pessoal da Marvel resolveu me colocar como exclusivo da editora. Isso é legal, pois me garante bons trabalhos e me coloca entre os principais artistas da editora.
8- E como é trabalhar com roteiristas dos EUA, como Joss Whedon, Daniel Way e Jonathan Mayberry?
Eu não posso reclamar dos últimos roteiristas com quem tenho trabalhado, pois tenho dado muita sorte. Tive a chance de trabalhar com estórias muito bem escritas e pessoas muito legais. Todos eles são muito criativos e entregam trabalhos bem interessantes, e são muito receptivos quanto as sugestões que os artistas dão para melhorar um coisa ou outra na estória. Da minha parte, eu sempre tento ter contato direto com o roteirista, quer seja para bater papo ou para discutir partes da estória. Isso garante que eu esteja sempre afinado com suas expectativas.
9- Sua primeira experiência no universo mutante foi desenhando a série de Emma Frost? Como você avalia a personagem e seu trabalho com ela?
A estória que desenhei com a Emma Frost retrata uma fase de sua adolescência, quando ela ainda estava descobrindo e aprimorando seus poderes telepáticos. Foi um trabalho interessante, porque não lidei com o personagem maduro, mas com seus problemas como uma jovem mutante tentando se encaixar em um mundo cheio de ódio aos mutantes.
10- Como foi desenhar o arco em Black Panther, trabalhando com ícones como T'Challa e Tempestade? Você já gostava dos personagens?
Foi bem interessante. Mais uma vez a Marvel me escalou para trabalhar em uma estória um pouco “fora dos padrões” do personagem. T’Challa não é mais rei, e não veste o manto do Pantera. Sua irmã assumiu as duas posições, e tem de lidar com uma ameaça externa contra Wakanda, enquanto T’Challa tenta se recuperar de um atentado e re-encontrar sua força e saúde perdidas. Neste arco, algumas tramas se unem para formar uma estória maior, e embora seja recheada de ação, acho que a estória se identifica mais com um conto de espionagem e sabotagem política que com uma estória de “super” ação. Foi um trabalho muito divertido e tive a chance de desenhar de tudo um pouco.
11- Você desenhou a primeira edição de DoomWar também, em parceria com Scott Eaton. Como ficou a divisão dos desenhos?
Na verdade eu não cheguei a desenhar DoomWar propriamente dito, porque desenhei a edição que funciona como um prelúdio da série. Eu fui transferido para Wolverine Origins logo depois, e tive a chance de desenhar a edição inteira.
12- Na série você tem a oportunidade de desenhar os X-Men. Quais personagens mutantes estão retratados nessa mini? Qual você mais gostou de desenhar?
Como disse, não cheguei a desenhar a série. Na última edição que fiz, houve uma interação entre a Pantera Negra, Namor e alguns integrantes do Quarteto Fantástico. Mas se tivesse a chance, gostaria muito de desenhar os X-Men, independente dos personagens.
13- A primeira edição sai ainda esse mês. Como ela se encaixa dentro de todo o Universo Marvel, que vive agora um momento de transição com Siege?
De acordo com o que a Marvel divulgou, esta série trará algumas mudanças significativas com relação aos heróis e especialmente com relação ao Dr. Doom. Os principais heróis do Universo Marvel, cansados das tramas e artimanhas do vilão se unem para por um basta em suas intervenções e armações, e isso terá ramificações em todos os títulos. Quais serão essas ramificações eu não sei dizer, nem qual a extensão de suas consequências.
14- Como não podia deixar de ser, o maior ícone dos X-Men por todo o mundo é Wolverine e você foi recentemente anunciado como futuro desenhista de Wolverine:Origins, começando em abril com a edição 47. Você fica no título até a última edição ou fará apenas o arco “Reckoning”? Como é desenhar os capítulos finais de uma série conceituada como essa?
A princípio eu ficarei até o final. Não discuti com a Marvel quais serão os projetos futuros ainda, e a única informação que tenho até agora é que eles queriam um artista que fosse capaz de fazer frente à importância deste momento do personagem. Espero que eu esteja à altura da tarefa, e terei prazer em ficar no título enquanto for necessário
15- Como está sendo fazer a arte do Logan? Quais os desafios?
Desenhar Wolverine está sendo muito legal. Acho que a maioria dos quadrinistas gostaria de chegar a este ponto, e eu estou aproveitando ao máximo. Logan é um personagem com muitos recursos visuais que podem ser explorados, muita energia. E claro, há as garras que são uma idéia muito legal.
E o desafio aumenta sempre que trabalhamos com um personagem com o peso do Wolverine. Há muito mais exposição e a crítica sempre é mais rigorosa. Mas eu não tenho problema em lidar com esse tipo de coisa, e tenho certeza de que estou fazendo meu melhor. Agora é esperar que as pessoas gostem do resultado.
16- E finalmente, pode dar algum detalhe da trama?
Não posso falar sobre a estória, pois a Marvel não permite. Mas posso dizer que muitas coisas encontrarão sua resolução ao fim da estória, e muitos nós soltos serão atados. Logan terá de confrontar vários elementos de seu passado, e isso irá afetar bastante o personagem.
Agradecemos imensamente a disponibilidade do Will em nos conceder essa entrevista e aguardamos ansiosos para ver sua arte nas histórias finais de Wolverine: Origins, que começam a pintar nas comic shops americanas em abril.
leonardobento- Diretor do Instituto
- Mensagens : 2423
Data de inscrição : 21/10/2009
Idade : 36
Re: Mutação Interview Especial: Will Conrad, desenhista de Wolverine Origins
O ideal é produzir uma edição por mês, mas durante meu tempo como desenhista eu tive algumas decepções com arte finalistas sobre meu trabalho, e hoje eu faço tanto o lápis quanto a arte-final em minhas páginas. Dá mais trabalho e me demanda um pouco mais de tempo, mas tenho a certeza de que os traços ficarão como eu quero que fiquem.
Isso para um desenhista deve ser um soco no estômago. O cara finalizar a arte bem longe da expectativa do desenhista. O problema é que até onde sei, esse tipo de parceria não da muito bem pra digamos "escolher"; tem que engolir o que a editora tiver no quadro.
A princípio eu ficarei até o final. Não discuti com a Marvel quais serão os projetos futuros ainda, e a única informação que tenho até agora é que eles queriam um artista que fosse capaz de fazer frente à importância deste momento do personagem. Espero que eu esteja à altura da tarefa, e terei prazer em ficar no título enquanto for necessário
Pelo que vi de seus desenhos, com certeza fará um exelente trabalho. Seu traço com o "estilo" do Wolverine irão dar um belo casamento. Pode printar.
E o desafio aumenta sempre que trabalhamos com um personagem com o peso do Wolverine. Há muito mais exposição e a crítica sempre é mais rigorosa. Mas eu não tenho problema em lidar com esse tipo de coisa, e tenho certeza de que estou fazendo meu melhor. Agora é esperar que as pessoas gostem do resultado.
Sendo o Wolverine já um personagem tradicional e seu estilo visual já tão conhecido, será que não fica algo massante de se desenhar? Uma vez que se houver uma mudança um pouco mais radical, virão as tais críticas rigorosas.
Re: Mutação Interview Especial: Will Conrad, desenhista de Wolverine Origins
Muito boa a entrevista. É muito bom saber que os talentos nacionais estão começando a ganhar vez nos estates... ler edições de nossos herois favoritos desenhadas por brazucas dá o maior orgulho.
Parabéns ao Conrad pela oportunidade e boa sorte em sua carreira.
Parabéns ao Conrad pela oportunidade e boa sorte em sua carreira.
Tópicos semelhantes
» Mutação Interview Especial: Manoel de Souza, editor da Revista Mundo dos Super-Heróis
» Mutação Interview: Midg4rd, o administrador dessa nova versão do Mutação
» Mutação Interview: Leonardobento. Moderador e principal colaborador do Mutação
» Mutação Interview: Douglas (Gambit). O idealizador do Mutação.
» Mutação Interview: Bolivar Trask, responsável pelo Protocolos Xavier
» Mutação Interview: Midg4rd, o administrador dessa nova versão do Mutação
» Mutação Interview: Leonardobento. Moderador e principal colaborador do Mutação
» Mutação Interview: Douglas (Gambit). O idealizador do Mutação.
» Mutação Interview: Bolivar Trask, responsável pelo Protocolos Xavier
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos